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Bezalel Smotrich pede novamente que as fronteiras
Bezalel Smotrich pede novamente que as fronteiras

Bezalel Smotrich pede novamente que as fronteiras de Israel se "estendam até Damasco"

Nos últimos dias, o ministro das Finanças de extrema direita de Israel, Bezalel Smotrich, reacendeu uma antiga e controversa discussão ao afirmar publicamente que Israel deve expandir suas fronteiras "pouco a pouco" até alcançar Damasco, na Síria. Em uma entrevista ao documentário "In Israel: Ministers of Chaos", produzido pelo canal europeu Arte, Smotrich afirmou que "está escrito que o futuro de Jerusalém é se expandir para Damasco", citando a ideologia do "Grande Israel", uma visão expansionista que prevê a formação de um Estado hebraico que abarque vastas regiões do Oriente Médio, incluindo países como Jordânia, Líbano, Egito, Síria Iraque e Arábia Saudita.

 

 

Para compreender a relevância dessas declarações, é fundamental revisitar a história e a narrativa bíblica que sustentam a ideia de uma terra prometida aos hebreus. Desde os tempos bíblicos, textos como Gênesis, Deuteronômio e Josué descrevem uma promessa divina de uma terra que se estende desde o rio do Egito até o rio Eufrates. Essas passagens têm sido interpretadas por alguns setores como uma justificativa religiosa e histórica para a reivindicação territorial de Israel, e, por vezes, como uma justificativa para a expansão.

 

As palavras de Smotrich ecoam esse legado bíblico, reforçando a visão de um Estado judeu que se projeta além das fronteiras atuais, numa lógica de restauração de uma antiga promessa. Contudo, essa postura contrasta fortemente com as atuais fronteiras internacionais e com as regras do direito internacional, que reconhecem a soberania de Estados soberanos e a integridade territorial.

 

Os comentários de Smotrich provocaram reações de condenação e preocupação na comunidade internacional. O Ministério das Relações Exteriores da Jordânia condenou suas declarações, qualificando-as como de "perigosas" e "racistas". O governo jordaniano reforçou que tais posições representam uma ameaça à estabilidade regional e à paz no Oriente Médio.

 

Da mesma forma, o governo francês indicou que não pretende estabelecer encontros com Smotrich durante sua visita ao país, destacando o desconforto internacional com suas declarações e postura ideológica. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores francês reiterou a necessidade de respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas e o direito dos povos à autodeterminação.

 

No cenário israelense, Smotrich é uma figura influente, com poderes consideráveis sobre a Cisjordânia ocupada. Sua postura expansionista e suas declarações agressivas refletem uma tendência no espectro político de Israel, que favorece a anexação de territórios e a negação do direito palestino à autodeterminação. Em agosto passado, ele apoiou o bloqueio de ajuda humanitária a Gaza, alegando que isso seria justificável até a devolução dos reféns, e chegou a afirmar que a vila palestina de Huwwara deveria ser "exterminada" após uma onda de violência de colonos israelenses.

 

Essas posições revelam uma visão de Estado que não aceita limites e que, muitas vezes, coloca a segurança e os interesses expansionistas acima do diálogo e da paz duradoura na região.

 

As declarações de Bezalel Smotrich nos remetem a uma questão fundamental: até que ponto as aspirações de um Estado podem justificar ações que ameaçam a estabilidade regional e os direitos de outros povos? A história mostra que tentativas de expansão forçada resultaram em conflitos prolongados e sofrimentos imensos.

 

É imprescindível que a comunidade internacional mantenha o olhar atento e promova o diálogo baseado no respeito às fronteiras reconhecidas internacionalmente e ao direito de autodeterminação dos povos. Para que não esqueçamos, é necessário reforçar a importância de soluções justas e sustentáveis para o Oriente Médio, evitando que discursos de exclusão e expansionismo conduzam a uma nova escalada de violência.

 

As palavras de Smotrich são um lembrete de que, apesar de avanços na diplomacia e na compreensão global, ainda há forças e ideologias que buscam reescrever fronteiras e desafiar a paz na região. É papel de todos nós promover a reflexão, o entendimento e a busca por caminhos que respeitem os direitos de todos os povos envolvidos, para que, no futuro, possamos olhar para trás e dizer que fizemos o possível para evitar que o ciclo de conflito se perpetuasse.

 

   

 

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